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domingo, 10 de março de 2013



                A obra mais célebre de Eça de Queirós é também uma das mais envolventes e eróticas de todos os tempos. Em tempos de “ressurreição” do erotismo através de best-sellers de qualidade e conteúdo duvidosos, a fim de fisgar novos públicos através da apelação exagerada (como ocorre na trilogia internacional “Cinquenta tons de cinza”), chega a ser estranho falar desse clássico português. Entretanto, como leitor com um mínimo de senso crítico, devo confessar que nenhuma leitura produziu em mim um efeito mais intrigante, misto de sensualidade e vigor narrativo, do que  esta obra de Eça de Queirós.
            Com um talento único para apontar as falhas e vícios hipócritas da sua época – o que, afinal, era uma das metas fundamentais do Realismo – Eça constrói, aqui, um quadro da vida burguesa, tomando como base o casal Luísa e Jorge, que levam uma vida pacata e relativamente “feliz”, conforme o padrão social da época. Jorge é um engenheiro bem-sucedido que precisa fazer uma viagem a negócios, e deixa Luísa sozinha, quando, justamente, chega à cidade um primo e antigo namorado de Luísa, o famoso Basílio de Brito. Obviamente, o reencontro acenderá antigas chamas e, gradualmente, os dois se envolvem num dos mais conhecidos casos de adultério da literatura ocidental.
            Esta é, justamente, a parte mais lasciva do romance; o autor não faz descrições ridículas e de mau gosto de relações sexuais ou nada do gênero, o que, nem por isso, tira a grandeza erótica deste caso de amor intenso e febril. Ao invés disso, há descrições minuciosas de pequenas atitudes que transpiram sensualidade, seja um sussurro ao pé do ouvido, um toque mais ousado, um pensamento subliminar, um devaneio... Tudo é sugerido numa linguagem sutil, porém vigorosa, que envolve o leitor, ao mesmo tempo em que lhe faz pensar em suas ideias preconcebidas de felicidade, sexo, amor, traição, inveja e tantas outras emoções e “status” do ser humano.
O diferencial de Eça de Queirós vai muito além disso, entretanto; o autor apresenta outros personagens que farão parte da trama, seja como modelo caricato da hipocrisia da sociedade portuguesa, seja como forma de abordar outras facetas do ser humano. Nesta última acepção, encaixa-se Juliana, a criada de Luísa que a infernizará com uma série de exigências, após descobrir seu caso com o primo. As chantagens de Juliana não são exemplos de maldade ou inveja contra a patroa, mas uma forma de suprir, mesmo que de forma inconsequente, a miséria existencial e odiosa em que sua vida se transformou.
            Quanto ao destino da protagonista, Luísa, embora não seja necessariamente previsível, é o que a sociedade moralista espera, ou melhor, exige, para um caso de infidelidade conjugal. Não importam as motivações, o pecado deve ser exemplarmente punido.




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