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domingo, 11 de janeiro de 2015


Começando como uma brincadeira sobre intimidade de casal, certa noite o médico Fridolin e Albertine trocam confidências sobre suas fantasias sexuais envolvendo terceiros. A confissão de Albertine, entretanto, mais tórrida e realista, desperta em Fridolin certo desespero e insegurança em relação à esposa e, a partir de então, ele se lança numa mórbida jornada sexual, onde o erotismo disputa espaço com uma complexa, mas sucinta análise psicológica dos personagens envolvidos.
Depois de saber da “traição” – apenas fantasiosa – da esposa, ao afirmar ter desejado outro homem há muito tempo, Fridolin, cego de ciúmes, é chamado às pressas para atender um paciente no meio da noite e sai pelas ruas de Viena perturbado, tendo um encontro constrangedor com a filha do tal paciente (falecido antes que ele chegasse lá), uma mulher que alimenta fantasias com ele. Retornando à sua casa, ele encontra uma prostituta. Em ambos os casos, a perturbação em que se encontra o impede de trair Albertine, embora as circunstâncias o favorecessem. Continuando sua andança, reencontra um amigo que acaba revelando-lhe detalhes sobre seu novo trabalho, que consiste em tocar piano em certas reuniões secretas, nas quais os participantes usam máscaras e promovem orgias ritualísticas. Interessado, Fridolin manifesta vontade de ir a uma dessas reuniões, embora seu amigo demonstre contrariedade. Enfim, arranjando um meio de entrar como penetra em uma dessas reuniões, Fridolin defronta-se com algo diferente de qualquer coisa que pudesse ter imaginado. A partir de então, sonho, realidade, luxúria e culpas misturam-se numa torrente de emoções e sentimentos confusos para o protagonista.
Como transparece no título da obra (no original, “Traumnovelle”), do austríaco Arthur Schnitzler, “Breve romance de sonho” é uma obra curta, onírica, sobre o amor em sua faceta mais perturbadora, surreal. Como contemporâneo de Freud e visivelmente influenciado por suas teorias de interpretações psicanalíticas dos sonhos, Schnitzler evidencia as neuroses da vida conjugal e da infidelidade sob uma perspectiva tão sensual quanto assustadora, de modo que o livro oscila entre ser uma história de amor e de terror. Unindo elementos eróticos a uma abordagem sombria das ânsias dos personagens nessa busca por satisfação pessoal, carnal, Schnitzler constrói uma novela densa, em que, os segredos, as vergonhas e as frustrações dos protagonistas a respeito de si mesmos e de seus parceiros criam uma tensão simultânea, mas sutil. A escrita do autor permeia a obra de um suspense que beira o terror psicológico enquanto o leitor é arrastado para um mundo instintivo onde sexo e medo estão entrelaçados de modo impressionante.
Provavelmente, como o leitor terá notado, a história soa familiar; de fato, o livro de Schnitzler deu origem ao famoso – e último – filme de Stanley Kubrick, “Eyes wide shut” (“De olhos bem fechados”), com Tom Cruise e Nicole Kidman. Com algumas modificações no roteiro, como a mudança na ambientação e no nome dos personagens, o filme de Kubrick capta muito bem a essência da excelente obra em que se inspira.

Pôster do filme "De olhos bem fechados" (Eyes wide shut, 1999), de Stanley Kubrick

O livro "Breve romance de sonho" está disponível para download, em PDF, NESTE LINK.

1 comentários:

Elileudo Júnior disse...

Caraca !
Gostei muito da resenha. Vou procurar esse livro para eu comprar haha
Abraço
http://interessantedeler.blogspot.com.br/