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sexta-feira, 27 de setembro de 2013


“Comovente, sugestivo, esperançoso... Fala diretamente ao coração.”
(The New York Times Book Review)

            No cenário alemão devastado pela Segunda Guerra e ainda num frágil processo de reconstrução – inclusive moral – o jovem Michael Berg conhece Hanna Schmitz, com quem inicia um caso amoroso conturbado e misterioso. Porém, algumas peculiaridades deixam marcas perenes neste romance; Michael tem apenas 15 anos, enquanto Hanna é vinte anos mais velha; o relacionamento entre eles é breve, mas contextualizado pela descoberta do sexo (para ele) e da literatura (para ela), uma vez que fica claro um “ritual” rotineiro para os encontros de ambos: Michael lê para Hanna trechos de obras clássicas e, depois, eles fazem amor.
                Entretanto, como já mencionado, o romance entre eles não é tão simplista, mas, pelo contrário, crivado de pequenos incidentes, que produzem um jogo de dilemas, segredos e vergonhas. O relacionamento deles dura apenas um verão, depois do que Hanna desaparece sem deixar pistas. A princípio, Michael fica inquieto e sente remorsos por julgar-se culpado da partida de Hanna, mas algum tempo depois ele a reencontra. Contudo, as circunstâncias desse reencontro são radicalmente diversas para as posições que ambos ocupam: Michael é estudante de Direito; Hanna, uma acusada de crimes de guerra, responsável por extermínios de judeus em Auschwitz.
                É necessariamente a partir desse reencontro que o livro de Bernhard Schlink ganha contornos mais densos e psicologicamente mais agudos, embora desde o início da narrativa o autor demonstre sutil perspicácia em evidenciar detalhes que fundamentem o lado subliminar da obra. A inquietação de Michael pela descoberta do amor platônico/carnal é registrada em poucas palavras, mas organizadas de forma expressiva, o que torna a leitura rápida e fluente, ainda que carregada de reflexões. Talvez isto seja efeito da habilidade de Schlink em condensar ideias sem deixar de lado a sensibilidade necessária à compreensão e empatia do leitor com o romance.
A cada encontro de Michael e Hanna, antes da separação, podem-se perceber, implicitamente, as trocas de olhar, os gestos, até parte dos pensamentos dos personagens, sempre meio encobertos, evidenciando que suas mentalidades não são maniqueístas, mas multifacetadas – em especial a de Hanna, de quem nunca temos informações suficientes para saber quem ela é (ou foi) realmente.
A narração em primeira pessoa, pelo próprio Michael também mostra grande complexidade de sua psicologia: do fascínio exercido pela presença e contato com Hanna à dúvida de como prosseguir quando a reencontra; deveria ele interceder a favor dela, sabendo que essa mesma interferência poderia expô-la a uma humilhação que a seu ver é pior que a acusação por que está passando? Esse dilema é um eixo fundamental à obra, conduzida a partir disso por profundas reflexões que transcendem o mero ressentimento por um romance juvenil; Schlink faz seu romance oscilar desse drama a discussões sobre erros, falhas e vergonhas humanas, não apenas do ponto de vista pessoal e íntimo, mas também de forma genérica, ao abordar as consequências do Holocausto, da guerra e da inércia das pessoas diante de tais horrores, cujas marcas poderão cicatrizar, mas nunca serão esquecidas ou apagadas da História.
Não bastasse essa profundidade crítica no livro de Schlink, temos ainda um desfecho inusitado na história de Michael e Hanna que, embora “merecido”, sob certos aspectos, comove o leitor, especialmente porque antes de tal desfecho, ela, Hanna, atinge sua redenção e supera sua maior vergonha. Resumindo: um livro sublime.


Pôster da adaptação de "O Leitor" (The Reader, 2008), de Stephen Daldry, para o cinema. 
Para informações sobre o filme, acesse ESTE LINK.

O texto do livro "O Leitor" está disponível para download através DESTE LINK.