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segunda-feira, 26 de agosto de 2013


O jovem e fútil Dorian Gray, herdeiro de uma grande fortuna em Londres, encanta a todos que o conhecem, não apenas por sua herança, mas, principalmente, por sua beleza incomum. Tamanho é o fascínio provocado que o pintor Basil Hallward propõe-se a fazer um retrato do rapaz. Realizada a obra, Dorian Gray conhece Henry Wotton, um sujeito hipócrita e muito habilidoso com as palavras, que tornar-se-á o amigo mais próximo de Dorian.
Com seu talento único para manipular as pessoas através do sarcasmo, Henry deixa claro para Dorian o quanto sua beleza e juventude são passageiras, enquanto o quadro pintado por Hallward permanecerá “jovem” e belo para sempre. Dorian Gray, ingênuo e supérfluo como é, desespera-se com essa possibilidade de envelhecer e morrer e, de certa forma, lança sua própria maldição ao manifestar seu desejo em permanecer jovem para sempre, de modo que o retrato envelheça em seu lugar; Dorian enfatiza que daria tudo pela realização deste sonho, até mesmo sua alma. A partir de então, o rapaz passa gradativamente por uma transformação tão grande em sua personalidade que, ao fim do livro, é difícil crer que o jovem seja aquele mesmo do início.
“O retrato de Dorian Gray” é, indubitavelmente, uma das obras mais influentes e atemporais que se pode conhecer. Nela, Oscar Wilde registra com maestria diversas críticas à sociedade inglesa de seu tempo (críticas essas que permanecem sempre atuais e universais, apesar do tempo). Eu nunca tinha lido uma obra tão completa e, ao mesmo tempo, tão equilibrada ao falar da efemeridade da beleza física, da hipocrisia, dos valores morais e, de forma discreta, até fazer certas insinuações homossexuais – motivo pelo qual o livro sofreu perseguições e tornou-se polêmico, “maldito”. Dorian é, inicialmente, uma representação fiel da ingenuidade do ser humano, que se deixa seduzir e corromper pela influência de fatores externos, acelerados pelos instintos: a vaidade, o sexo, as más companhias, os vícios, etc.
Um personagem importantíssimo no contexto da trama é Henry Wotton; ele não se limita a ser um personagem secundário, eclipsado por Dorian. Na verdade, vemos o inverso na maior parte da história: Dorian é quem se sente pequeno diante da “filosofia” de Henry, tornando-se, quase que involuntariamente, seu discípulo na forma distorcida e hedonista de ver o mundo e seus prazeres inconsequentes. É difícil imaginar personagens mais humanos – no sentido mais fraco da palavra; nem Dorian, nem Henry são maniqueístas, nenhum deles é bom ou mau. Enquanto Dorian Gray representa, gradativamente, a alma humana, sempre se degradando pela sedução do “mundo”, Henry Wotton é a crítica irônica em pessoa. É possível notar, em suas palavras cheias de lábia, o sarcasmo do próprio autor, Wilde, ao falar das fraquezas e mazelas da sociedade do seu tempo.
Obviamente, o ponto central da obra é o próprio quadro que dá nome ao livro; ao ‘trocar de lugar’ com seu retrato, Dorian sente-se livre para se deixar corromper física e moralmente, afinal seu corpo, sua beleza (e, afinal, é só isso que conta para a sociedade: o aspecto externo) permanecem intactos, mesmo com o passar de décadas. Enquanto isso, o quadro vai acumulando os erros do modelo, apodrecendo e envelhecendo, descontando na tela os pecados de Gray. O retrato mágico de Dorian Gray passa a ser, a partir de então, seu segredo fatal, segredo pelo qual ele está disposto a matar, se necessário.
A obra de Oscar Wilde é, por isso, um clássico que não envelhece – sem trocadilhos. Nela, podemos ver o quanto a ditadura da beleza e os falsos valores morais são temas sempre atuais, independentemente da época. Uma mistura de romance, suspense e crítica social imprescindível a qualquer amante da literatura.


A adaptação cinematográfica de "O retrato de Dorian Gray" (1945), de Albert Lewin, considerada a melhor já feita. 
Para informações sobre o filme, acesse ESTE LINK.

Para fazer o download do livro "O retrato de Dorian Gray" (formato PDF), acesse o link disponibilizado a seguir:


quarta-feira, 21 de agosto de 2013



Ed Kennedy é tudo, menos um herói... Na verdade, ele é, nas próprias palavras, um "perdedor", alguém sem perspectivas de vida, cercado de amigos tão fracassados quanto ele. Com 19 anos, o que ele fez de importante na vida? Segundo ele, "porra nenhuma". Ele sobrevive com um emprego mesquinho de taxista, vive sozinho (a não ser pela companhia de um cachorro fedorento, viciado em café), é órfão de pai e têm uma mãe rabugenta que o odeia. 
                Ele vai levando essa vida inerte e sem muito significado (embora muito bem-humorada), até que acontece o improvável: ele consegue impedir um assalto a banco e prender o bandido, meio que sem querer, claro, já que ele se autodefine como um "cagão". Por esse ato de heroísmo, sua fama se espalha pela cidade e, do nada, ele começa a receber cartas misteriosas pelo correio. Não são cartas comuns, epístolas, mas cartas de BARALHO, sem muitas informações, a não ser algum nome, uma charada e um ou outro endereço. A partir daí, como qualquer pessoa que não tem nada a perder, Ed vai atrás dos endereços indicados, a fim de descobrir a que se referem. Resumidamente, essa busca por significados o levará a refletir profundamente sobre o poder que cada pessoa tem de fazer algo pelo outro, atitudes simples que podem mudar uma vida, incluindo a própria, que vai se transformando pouco a pouco em uma profunda jornada de autoconhecimento, desprendimento e superação de limites pessoais.
Este é, sem dúvida, um dos melhores e mais incomuns livros que eu já tive a oportunidade de conhecer, começando pela linguagem despojada, crivada de palavrões do início ao fim (prepare-se para ler muitos "porra" e "merda", só para citar os mais leves) e uma informalidade que chegou a me assustar nas primeiras páginas. O autor, Markus Zusak, o mesmo de "A menina que roubava livros", apresenta um livro que opta pela simplicidade na narração, que é grosseira e coloquial, mas ainda assim de leitura muito agradável e, o melhor, sem os típicos sermões de bem e mal e "moral da história". É interessante observar que Zusak cria personagens despojados de maniqueísmos; todos eles têm, ao seu modo, forças e fraquezas – e o autor satiriza bem estas últimas.
“Eu sou o mensageiro” é um livro bastante criativo, onde eu, assim como qualquer leitor que venha a conhecer, senti-me preso num suspense interessante, com o jogo de pistas sugerido pelas cartas e pela irreverência e trapalhadas de Ed, um personagem que não é muito carismático no início, mas por quem é impossível sentir indiferença no decorrer da história. Outro ponto interessante é que a estrutura da trama funciona como uma série de códigos, embora simplificados, provavelmente para forçar o protagonista a pensar em respostas e tomar atitudes, pois nenhuma das pistas dadas a ele diz exatamente o que fazer. Cabe a ele desvendar cada mistério e ir à pista seguinte, terminando com a esperada recompensa.
Naturalmente, por mais bem-humorado que o livro “Eu sou o mensageiro” seja, não é uma leitura apenas para rir, mas também para refletir sobre as atitudes, mesmo que mínimas, que o ser humano pode e deve tomar em relação aos outros, independentemente de conhecer seus dramas pessoais ou não. A narrativa em primeira pessoa deixa clara a insegurança de Ed e não são poucas as vezes em que ele erra feio na “decodificação” de sua jornada; porém, é recompensador ver o personagem se transformando gradativamente em um ser capaz e determinado. O leitor projeta-se em Ed Kennedy e, embora não queira apanhar tanto quanto ele (!), sente-se inspirado a mudar o mundo, prestar atenção nos detalhes que podem fazer toda a diferença. Somente um escritor hábil consegue causar essa empatia no leitor.



Para fazer o download do livro "Eu sou o mensageiro", no formato PDF, acesse o link: