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terça-feira, 12 de novembro de 2013

     Em agradecimento ao convite recebido para adentrar neste macrocosmo tão vasto de leituras compartilhadas, através de elevados e propícios pontos de vista, recorro a uma artimanha reles, porém necessária. Eis a explicação sucinta: ao acessar o blog, deparo-me com o comentário crítico da obra "O Médico e o Monstro" e eis que surge do meu intrínseco a grande verve de também arriscar minhas considerações a respeito de "um clássico que continua assustando e fascinando gerações", como bem evidenciou o meu amigo e idealizador do blog, no início de seu texto, o qual encontra-se no seguinte link de acesso: http://metamorfosedaleitura.blogspot.com.br/2013/03/sobre-o-livro.html.

     Apesar de ser, de fato um clássico, tive o incrível prazer de conhecer a obra, em seu texto completo, somente este ano. E assim que a temática - a respeito de um ser que se transforma em outro e vice-versa - apareceu relembrei de outra obra (mania de nerds alucinados por leitura!!!!!): "O Lobo da Estepe" do Hermann Hesse, pois há nesta obra o enfoque do homem e dos seus instintos animais, provando assim o quanto somos vários ou no mínimo dois. Dois seres com apenas algo em comum: o ser que os resguarda.
     No caso de "O Médico e o Monstro" até mesmo a aparência física era modificada sempre que Hyde aparecia, incialmente de maneira forçada através das fórmulas devidamente preparadas por Jekyll e, mais tarde, não havia mais o controle científico de quando Hyde apareceria, mesmo quando o "elixir" não era absorvido pelo organismo do médico. Esse descontrole aparece também na obra de Hesse, mas de maneira mais sutil: o lobo não consegue ficar trancafiado sempre que alguma situação social o força a moderar-se, a entrar no jogo hipócrita do "como agir para agradar a todos?". E essa mesma questão podemos analisar no cerne da obra de Stevenson, pois Jekyll declara em sua carta o quanto precisava da presença de Hyde, já que tudo aquilo que este fazia (e com tamanho desembaraço, muitas vezes) jamais poderia ser feito por aquele, homem de renome, reconhecido por seus trabalhos e elevados préstimos à sociedade londrina.
     A dúvida existe nas duas obras: o lobo ou o homem? o médico ou o monstro? Há como separar as duas disparidades se elas são concentradas, por mais absurdo e insano que pareça, num mesmo e único ser? Jekyll, em seu final tresloucado, mas ainda com réstias de consciência, conclui que não poderia optar por Hyde, por mais que este fosse a sua forma de ganhar liberdade para fazer e agir o que bem lhe entendesse e a quem quisesse, não importando em nada os malefícios causados a outros. Raciocina ele que se Hyde fosse o ser que permanecesse estaria desamparado em diversos aspectos e um deles era o desamparo da racionalidade tão presente em si mesmo, ou melhor dizendo, em Jekyll.
     E é metamorfoseado em Jekyll-Hyde que o corpo da dualidade forçada é narrado ao leitor. E nesta parte da obra, veio-me à mente mais uma: "A Metamorfose" do grande Kafka. Gregor Samsa "simplesmente" amanhece tal qual um inseto (não, Kafka nunca quis demarcar qual inseto e é uma heresia fazê-lo nós mesmos!) e o livro todo ele entra em combate com sua condição física, com seus instintos, com suas memórias e seus pensamentos atormentadores atuais e, assim, mais uma vez temos a dualidade, a batalha entre o que pensamos ser e o que detestamos que, de alguma forma, pudéssemos ser ou sermos entendidos e vistos.
 
     De certa maneira, "o outro", "o monstro", "o bicho", "o selvagem" é oriundo do medo, da agonia, do desespero sobre a opinião alheia, sobre como seremos analisados e medidos. É por esse meio que a outra parte se revela, mesmo quando é escondida a sete chaves no âmago mais profundo e obscuro do ser. É por ser amordaçada que a besta (a última referência nerd da postagem, já que estou finalizando a mesma: em "Viagem ao redor do meu quarto" do escritor francês Xavier de Maistre, o qual teve como leitor Machado de Assis, faz nascer em seu livro diversas teorias incríveis e uma delas é sobre "a alma e a besta" e esta última é a responsável por todas as atitudes arbitrárias e incomuns, as quais a alma jamais teria coragem e/ou determinação) procura e encontra a verve da saída para mostrar-se e chocar, certamente, a profusa notoriedade do meio social.

1 comentários:

Fábio TB disse...

Já comentei que considero incrivelmente instigante a tua perspectiva acerca da literatura, sempre encontrando pontos em que obras, mesmo de temáticas e épocas distintas, convirjam. Mais que meros leitores (blasfêmia qualificar um leitor como “mero”!, mil perdões!), a leitura de tão elevadas obras tem mesmo este poder sublime: fazer-nos estabelecer relações entre outras e outras histórias, outros contextos, outros mundos, construindo uma interessante teia de conexões literárias!